À sombra dum chaparro ... Ferreira do Alentejo: Observador ferreirense continua no centro da polémica

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Observador ferreirense continua no centro da polémica

A polémica em torno do observador do árbitro Bruno Paixão do Sporting-FC Porto continua. O Ferreirense Albano Fialho teve hoje direito a destaque na capa do jornal O JOGO.


Albano Fialho está "de consciência tranquila". O observador da Liga que deu nota positiva ao trabalho desastroso de Bruno Paixão no Sporting-FC Porto, do passado domingo, garantiu ontem, a O JOGO, que o seu relatório foi elaborado única e exclusivamente com base no que viu acontecer, no momento, dentro das quatro linhas de Alvalade. Ou seja, sem recurso a qualquer meio auxiliar de julgamento. E o que viu abonou a favor de Bruno Paixão, já que o árbitro internacional recebeu um "Bom" de Albano Fialho, com nota 3 numa escala de 1 a 5. Aliás, o observador só terá detectado um "erro grave" no trabalho de Paixão, ao não assinalar grande penalidade de Rui Patrício sobre Hulk.
"Estou de consciência tranquila. Em tudo o que faço, tento dar o meu melhor. Tanto na minha vida pessoal como profissional, quando me envolvo para fazer qualquer coisa é sempre com muito entusiasmo. Acho que, sem entusiasmo, não se realiza nada de glorioso", declarou o técnico de arbitragem a O JOGO, explicando que "um observador tem em conta os factos como os viu, sem se deixar influenciar por outras pessoas ou factores externos". "Cada um constrói a sua opinião acerca dos factos. A minha opinião pode ser diferente, inclusive, da dos espectadores que, como eu, estiveram na bancada" de Alvalade, acrescentou.
O observador escusou-se a comentar o conteúdo do relatório alegando "dever de confidencialidade". "Não fui eu a divulgar o relatório", jurou. Ainda assim, Albano Fialho saiu em sua própria defesa, referindo que "qualquer relatório deve ser analisado no global, sem que se corte ou isole nenhuma das suas partes".
Segundo explicou ainda o observador do árbitro, no preenchimento dos formulários do relatório limita-se a cumprir as directrizes e os critérios de avaliação estabelecidos pela Liga.

Perfil de Albano Fialho
Albano Fialho é observador na Liga há seis épocas, depois de ter prestado serviço também na Federação, entre 1990 e 2002. Portanto, anda há 18 anos a avaliar o trabalho dos árbitros.

Pé pouco dotado
Natural de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, não tinha muito talento para jogador e por isso dedicou-se à arbitragem, não tendo saído, contudo, do quadro regional. Foi também árbitro de hóquei em patins entre os 19 e os 21 anos.

Homem de obras
Aos 48 anos, é instrutor de árbitros da Federação e coordenador da Comissão Técnica do Conselho de Arbitragem da AF Beja. Formado em Direito, trabalha na autarquia de Ferreira, onde é chefe de secção de obras.

Estudioso
Muito bem-visto no meio da arbitragem e em Ferreira do Alentejo, onde é destacada e respeitada figura do concelho, todos lhe apontam uma característica: é um estudioso da arbitragem, tendo, inclusive, redigido um compêndio de 70 páginas que serve de guia técnico a todos os árbitros e candidatos do distrito de Beja.

Sério e honesto
Foram várias as pessoas com quem O JOGO falou, e todas foram unânimes em dizer que o observador é um "homem sério, honesto, simples, ao mesmo tempo rigoroso no que faz". E trabalha "por carolice".

Caseiro
Casado, pai de uma filha, não costuma andar pelos cafés da terra preferindo uma vida pacata juntos dos familiares. Não diz, em público, qual a sua cor clubista. Apenas os amigos mais próximos sabem.

Ligado à mão de Ronny

O técnico de arbitragem que observou e avaliou o desempenho de Bruno Paixão no recente Sporting-FC Porto - o clássico que fez escaldar a quarta eliminatória da Taça de Portugal - ainda há pouco mais de dois anos viu o seu nome associado a outro jogo recheado de controvérsia, na circunstância dirigido por João Ferreira - outro juiz da AF de Setúbal, como Paixão -, no qual, por coincidência ou ironia, os leões foram intervenientes. O Sporting-Paços de Ferreira disputado a 16 de Setembro de 2006, em Alvalade, tornou-se célebre e fez correr muita tinta, não pelo facto de os anfitriões terem perdido, mas pela forma irregular como foram atirados ao tapete: ao segundo minuto do tempo de compensação da primeira parte, o pacense Ronny, na sequência de um canto batido por Cristiano, assinou o decisivo golo... com a mão esquerda. Uma irregularidade que passou impune aos olhos da equipa de arbitragem liderada por João Ferreira, mas que foi penalizada no relatório de Albano Fialho. O maior lapso da noite levou o observador a atribuir apenas 7,1 valores (ao tempo numa escala até 10, entretanto mudada) ao setubalense, uma nota que, segundo opinou na altura o especialista de O JOGO Jorge Coroado, era "susceptível de estragar toda uma época em termos de classificação final", pois, "no contexto de atribuição de notas por parte dos observadores a árbitros internacionais", 7,1 aparecia como apreciação "claramente negativa". Mas a valoração do trabalho de João Ferreira ainda sofreria uma redução: mediante reclamação feita pela SAD do Sporting à Comissão de Arbitragem da Liga, os 7,1 passaram a 6,9. E, por tabela, também as notas dos assistentes Serafim Nogueira e Pais António decresceram: de 8 para 7,9 e 7,8, respectivamente.

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