À sombra dum chaparro ... Ferreira do Alentejo: Villa Romana do Monte da Chaminé

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Villa Romana do Monte da Chaminé

Campanha Arqueológica de 2008

Realizou-se mais uma campanha arqueológica na villa romana do Monte da Chaminé, freguesia de Ferreira do Alentejo, com início em meados de Agosto e com a duração de um mês. Esta campanha arqueológica revelou-se particularmente importante já que começou a pôr em evidência estruturas e equipamentos que permitem, a partir de agora, ter uma perspectiva gradualmente mais alargada das actividades artesanais e na exploração de recursos económicos praticados nesta villa.
A intervenção deste ano permitiu ainda delimitar o jardim central da residência do proprietário (pars urbana) que é rodeado nas quatro alas da casa por um espelho de água, em razoável estado de conservação.
Estamos perante uma casa que se estrutura à volta de um jardim central e, como tal, inserindo-se, tipologicamente, na categoria “villa-bloco de peristilo”, e cujas dimensões a coloca a par das maiores villae já identificadas no sul do país.
A datação atribuída a algum do espólio sugere que esta área da villa ainda estaria em actividade em inícios do século V.
Vários indícios levaram a alargar a área de intervenção, o que permitiu definir uma estrutura quadrangular identificável com uma área de forja.No decurso da sua escavação foi recolhido um conjunto de objectos em ferro, com destaque para um conjunto de escopros.A presença da forja nas instalações da propriedade, para além da importância do seu testemunho, vem confirmar que muitas das ferramentas usadas nos trabalhos agrícolas, nas actividades artesanais, na construção ou mesmo nas tarefas domésticas – como a faca recolhida junto à soleira – eram produzidas na própria villa.
Quanto à pars frutuaria, procedeu-se à conclusão da escavação do que se tem designado por armazém, estrutura abobadada e implantada em cave.
Este ano foram identificados dois tanques geminados junto ao topo nordeste do armazém, situação que nos leva a propor tratar-se de uma área que corresponderá a uma fase eventualmente do processo produtivo do azeite. Poderá tratar-se de um tanque de recepção e outro de decantação, apresentando este, uma saída na sua base.
A partir de uma informação oral, e com a ajuda de meios da autarquia, detectou-se, no final da campanha, no barranco que passa cerca de 150 metros a poente da villa, a presença de uma barragem em pedra, com contrafortes a jusante, em bom estado de conservação, e com uma altura visível de cerca de 3.20m e de 1.90 de espessura.
Embora a barragem encaixe na tipologia de alguns exemplares do sul do país, só no decurso da próxima campanha, em 2009, será viável confirmar a sua presumível origem romana.

Jornal das Freguesias

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